Friday, April 20, 2007

Ciganos

Lá vêm os saltimbancos, às dezenas
Levantando a poeira das estradas.
Vêm gemendo bizarras cantilenas,
No tumulto das danças agitadas.

Vêm num rancho faminto e libertino,
Almas estranhas, seres erradios,
Que tem na vida um único destino,
O Destino das aves e dos rios.

Ir mundo a mundo é o único programa,
A disciplina única do bando;
O cigano não crê, erra, não ama,
Se sofre, a sua dor chora cantando.

Nunca pararam desde que nasceram.
São da Espanha, da Pérsia ou da Tartária?
Eles mesmos não sabem; esqueceram
A sua antiga pátria originária...

Quando passam, aldeias, vilarinhos
Maldizem suas almas indefesas,
E a alegria que espalham nos caminhos
É talvez um excesso de tristezas...

Quando acampam de noite, é no relento,
Que vão sonhar seu Sonho aventureiro;
Seu teto é o vácuo azul do Firmamento,
Lar? o lar do cigano é o mundo inteiro.

Às vezes, em vigílias ambulantes,
A noite em fora, entre canções dalmatas,
Vão seguindo ao luar, vão delirantes,
Alados no langor das serenatas.

Gemem guzlas e vibram castanholas,
E este rumor de errantes cavatinas
Lembra coisas das terras espanholas,
Nas saudades das terras levantinas.

E, então, seus vultos tredos envolvidos
Em vestes rotas, sórdidas, imundas.
Vão passando por ermos esquecidos,
Como um grupo de sombras vagabundas.

Lá vem os saltimbancos, às dezenas,
Levantando a poeira das estradas,
Vêm gemendo bizarras cantilenas,
No tumulto das danças agitadas.

Povo sem Fé, sem Deus e sem Bandeira!
Todos o temem como horrível gente,
Mas ele na existência aventureira,
Ri-se do medo alheio, indiferente.

E, livres como o Vento e a Luz volante,
Sob a aparência de Infelicidade,
Realizam, na sua vida errante,
O poema da eterna Liberdade.

in Leoni,Raul de

Thursday, April 19, 2007

Recordo

COMO FOMOS FELIZES
VENDO AS ÁGUAS CORREREM SEM DESCARGAS DE FÁBRICAS
COMO SOMOS FELIZES
BEIJANDO A TERRA COM OS PÉS DESCALÇOS

Thursday, April 12, 2007

Poema inacabado

Esta vida jamais terá um fim

Nos teus olhos um segredo

DeSERto incendiário queima

Decretos turvos e morres

Nas mãos daqueles que condenaste

Um dia

Wednesday, April 11, 2007

Bamboleo

Ese amor llega asi de esta manera.
No tiene la culpa.
Caballo de danza vana.
Porque es muy despreciado por eso
No te perdona llorar
Ese amor llega asi esta manera
No tiene la culpa
Amor de compra y venta
Amor de en el pasado
Bem,bem...

Bamboleo,bambolea,
Porque mi vida yo la prefiero vivir asi
Bamboleo,bambolea,
Porque mi vida yo la prefiero vivir asi.

No tenes perdón de Dios
Tu eres mi vida,la fortuna del destino,
En el destino del desamparado
Lo mismo ya que ayer,
Lo mismo soy yo

(No te encuentro l abandon)
Eres imposible no te encuentro de verdad
Por eso un dia no encuentro si de nada
Lo mismo ya que ayer,
(Lo pienso en ti)

Bamboleo,bambolea,
Porque mi vida yo la prefiero vivir asi
Bamboleo,bambolea,
PORQUE MI VIDA YO LA PREFIERO VIVIR ASI


Sunday, April 8, 2007

Sunday, April 1, 2007

ESTE BLOG É DEDICADO AO POVO CIGANO

Este blog é dedicado ao Povo Cigano.Sim,completamente.Ao Povo Cigano de todos os quadrantes,de todos os países,de todos os clãs.É igualmente dedicado àqueles que lhe têm Amor e têm uma Alma Cigana.Àqueles que não viram as costas às suas raízes e se orgulham delas.Bem-vindos sejam portanto.
O porquê de eu ter decidido iniciar este projecto?Anos de estudo,sobre eles e sobre mim.E porque não dizer,sobre nós?Sim,eu descendo de um ramo cujas festas eram sempre brindadas pelos violinos de há quatro gerações ou mesmo mais,muita alegria,muita música e dança,muita família que foi diminuindo aqui em Portugal.Uns foram para o Brasil e outros para os Estados Unidos.De acrescentar que o ramo que veio de Itália se mesclou com o dos Calé,estes que vieram de Espanha(sim,do lado dos meus abuelos),ora como nasci aqui e envolta nas tradições Calé,sou Calhim,com influências dos Sintó.Com provas provadas e muitas conversas familiares,daí eu ser como sou,a minha tradição familiar está bem conservada e até me é permitido fazer coisas que a maioria dos primos e primas não faz,estudar,inovar.Sem nunca perder as minhas raízes.E é uma honra.Sei que tenho missão árdua,mas não impossível,o meu povo precisa de mim,e cá estou para seguir em frente.É maravilhoso ter sangue cigano a correr-me pelas veias!Eu nem devia contar isto mas não admito que me substimem nem à minha família nem aos meus antepassados.Está-me no sangue!Mas eu devo esta homenagem a quem devo,e não vou deixar de fazê-la apenas porque vozes discordantes ou ameaçadoras,talvez invejosas,me persigam.Farta de perseguições estou eu,a indisciplinada.Não,eu não me esqueço dos lugares e das pessoas pelas quais fui discriminada,não me esqueço do olhar da cigana que no hospital me apertou a mão e me perguntou se eu precisava de carinho,ela sabia-me sua congénere,algo que me disse directamente,;os enfermeiros não queriam acreditar pois eu estava limpinha e aparentava um ar culto e correcto(sim,eu estudo e trabalho,é a evolução!sou universitária avessa a trajes académicos e cenas afins.)...Pois é,amigos,os rótulos e etiquetas estão,pouco a pouco a desfazerem-se.Luta-se para que o romanó não morra também e muitas mais coisas.Mas é preciso união e não divisão.
Escrevo este post com raiva,porque não tenho que justificar-me mas acreditem que não me calarão.Continuo bravia,avessa a regras e ditames,vocês não me conhecem...Mas não me façam muitas perguntas.

[continua]